Governo avalia cenário difícil para negociações sobre tarifa imposta pelos EUA

Apesar dos esforços de ministros do governo brasileiro, as perspectivas para uma negociação concreta com os Estados Unidos em relação às tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump são consideradas limitadas neste momento. A avaliação é que não há disposição real por parte do governo norte-americano para avançar nas tratativas, mesmo após diversas tentativas de diálogo.
Segundo integrantes do governo, o Brasil demonstra interesse em negociar, mas reconhece que não há uma interlocução efetiva em curso. As conversas conduzidas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e pelos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Fernando Haddad (Fazenda) são vistas como importantes, mas insuficientes diante do cenário atual. A percepção é de que as decisões estão altamente centralizadas no próprio presidente dos Estados Unidos, o que dificulta avanços.
A sobretaxa de 50% para produtos brasileiros entrou em vigor no dia 6 de agosto e deve impactar cerca de 35,9% das exportações para o mercado norte-americano, conforme estimativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Entre os produtos afetados estão carne e café, enquanto itens como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo e fertilizantes estão isentos.
Produtores brasileiros, especialmente do setor de frutas, já buscam alternativas de mercado para mitigar os prejuízos.
Desde abril, o governo brasileiro tem mantido contatos com representantes dos EUA para tratar da medida. O chanceler Mauro Vieira reuniu-se com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio. O vice-presidente Geraldo Alckmin esteve com o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o ministro Fernando Haddad deve participar de videoconferência com o secretário do Tesouro, Scott Bessent.
Apesar dos esforços diplomáticos, a avaliação é de que novas exceções à tarifa ou a redução das alíquotas dependem diretamente de uma mudança de postura da presidência dos EUA. O governo brasileiro mantém a disposição para negociar, mas reitera que não aceitará imposições que envolvam questões internas ou interfiram na autonomia das instituições brasileiras.
Há ainda preocupação com possíveis novas sanções a autoridades brasileiras, especialmente após a recente aplicação da Lei Magnitsky a um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), bem como a revogação de vistos diplomáticos por parte do governo norte-americano.

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