Novas espécies nativas e recuperação da restinga transformam visual da Orla de Camburi

Quem frequenta a orla de Camburi ou circula pela Avenida Dante Michelini já percebe um novo cenário na praia, com as áreas de restinga cercadas, bem cuidadas e livres de espécies invasoras ou exóticas. Equipes da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmam) trabalham a todo vapor na recuperação da vegetação costeira, fazendo o plantio de aproximadamente 150 mudas por dia, na etapa final do projeto, entre a avenida Adalberto Simão Nader e o final da praia de Jardim Camburi.

Até o próximo dia 15, a fase de plantio, especialmente das ipomeias e do feijão da praia, deve estar concluída. Também devem estar concluídos os mosaicos (canteiros formados por plantas nativas diferenciadas, com flores, espécies frutíferas e palmeiras, por exemplo), uma técnica inédita no Brasil.

“O trabalho não termina por aí. Também vamos fazer cercas vivas para delimitar as passagens das pessoas para a praia e introduzir novas espécies para ampliar a biodiversidade”, explica o engenheiro agrônomo Fernando Pratti, coordenador do projeto de recuperação da restinga. Ele conta que as novas espécies estão em fase produção no Viveiro Municipal de Restinga.

Moradores e turistas já observam a vegetação mais sadia, que atrai pequenos animais silvestres, e a praia mais bonita. “A medida em que a vegetação for se desenvolvendo, nos próximos anos, as pessoas vão acompanhar a frutificação, atraindo ainda mais fauna”, explica Fernando Pratti.

Cuidados permanentes

A rotina de irrigação, capina e retirada de plantas invasoras, adubação, produção e colocação de cobertura de serrapilheira favoreceu a pega e o crescimento das mudas. As equipes da Semmam vão manter esses cuidados para a manutenção deste enorme jardim, plantado sobre areia originária de aterros, um solo mais arenoso, pobre em nutrientes e que alcança altas temperaturas. Além disso, o vento atinge de forma diferente em cada época do ano e em cada trecho da praia.

Até julho, o trabalho foi realizado entre o píer de Iemanjá e a avenida Adalberto Simão Nader. Neste trecho, foram plantadas milhares de mudas de ipomeias e feijão da praia (vegetação rasteira) e montados mais de 200 mosaicos, com 28 composições (modelos) diferentes.

Técnica do mosaico

Idealizada pelo engenheiro agrônomo Fernando Pratti, a técnica do mosaico diferencia-se por evitar que plantas mais vigorosas cresçam e abafem outras espécies, ocupem toda a área e obstruam a vista para o mar. Assim, em meio à vegetação nativa rasteira, foram criadas áreas diferenciadas, formados por espécies mais altas, incluindo floríferas e frutíferas. Os mosaicos possuem arranjos de espécies diferentes e ficam, em média, 15 metros distantes umas das outras.

“A concepção do projeto valoriza a paisagem de Camburi, que é um dos principais cartões-postais de Vitória. As equipes da Semmam levaram em conta vários anos de experiências urbanísticas e ambientais para a criação desse projeto, para garantir autenticidade, diversidade, beleza e vida longa ao ecossistema da praia”, disse o secretário de Meio Ambiente de Vitória, Tarcísio Föeger.

A mesma técnica será usada em outras áreas de restinga de Vitória.

Berçário das mudas de restinga

Todas as mudas são produzidas no Viveiro Municipal Reverendo Jaime Wright, que se dedicou à produção de espécies de restinga. Além disso, foi adotada a cobertura de serrapilheira, obtida com a trituração de material originário das podas realizadas na cidade. “A serrapilheira possibilita a irrigação regular, mantém a umidade e a temperatura do solo e ainda atua como adubação orgânica”, explica Pratti.

O cercamento das áreas de restinga na praia de Camburi está sendo realizado pela Prefeitura de Vitória em parceria com a Vale. Coube à Semmam a concepção do projeto, o planejamento e a coordenação dos plantios, sendo de responsabilidade da empresa a coordenação da equipe de campo e o custeio da operação.

 

 

Reprodução: PMV