Senador de Rondônia imita deputado federal do MBL e coloca em risco 500 mil empregos em postos de gasolina
No cenário atual, a busca por soluções para a crise nos preços dos combustíveis se torna palco de uma imitação descarada.
O senador Jaime Bagattoli (PL-RO) surge com um projeto semelhante ao apresentado anteriormente pelo deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), indicando uma preocupante falta de originalidade em abordar os desafios enfrentados pelo setor de postos de combustíveis.
A proposta de Bagattoli, que busca permitir o funcionamento de até 50% de bombas de autosserviço, repete a ideia do deputado Kataguiri, que em agosto de 2021 propôs uma emenda à Medida Provisória 1.063, autorizando a compra de etanol diretamente de usinas e a venda de combustíveis de outras marcas. Ambos argumentam que a medida visa baixar os preços para os consumidores, ignorando os potenciais riscos para os empregos e a segurança no setor.
A Lei 9.956, de 2000, sancionada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que proíbe o autosserviço nos postos de combustíveis, foi uma resposta para proteger a saúde dos motoristas e preservar os empregos de aproximadamente 300 mil frentistas na época. Hoje, a proposta de Bagattoli coloca em risco meio milhão de empregos, conforme alerta a Federação Nacional dos Frentistas (Fenepospetro).
Ao se aprofundar na questão, é evidente que o senador de Rondônia está imitando não apenas a proposta, mas também ignorando as nuances da realidade brasileira.
Bagattoli, um pecuarista rico, declara possuir R$ 55.742.220,64 em bens, enquanto a média salarial de um frentista é de R$ 3.153 por mês.
As discrepâncias entre o patrimônio do senador e a realidade salarial dos trabalhadores do setor são gritantes.
É preciso esclarecer que em 2022, na condição de candidato, Bagattoli declarou à Justiça Eleitoral R$ 55.742.220,64 em bens. Já a média salarial de frentista, segundo o site Glassdoor, é de R$ 3.153 por mês no Brasil.
A remuneração variável é de R$ 1.511, oscilando entre R$ 477 e R$ 4.800. As estimativas de salários têm como base 1270 salários enviados de forma sigilosa ao Glassdoor por pessoas com o cargo de frentista no País. O Glassdoor é um site de vagas e recrutamento que reúne todas as informações sobre oportunidades de emprego, salários, entrevistas e outras características de uma empresa, o que facilita a busca por oportunidades.
Em suma, de acordo com esses dados, um trabalhador do ramo levaria 11.612 meses para ter um patrimônio próximo ao de Bagattoli (e ainda não chegaria lá). Isso representa um pouco menos que 967 anos. Atualmente um ser humano vive 73,4 anos.
Resumidamente, se fosse possível, um frentista nasceria e morreria mais de 13 vezes (trabalhando desde o nascimento até o falecimento) e não teria o patrimônio do senador de Rondônia.
Por isso, para o liberal e conservador Bagattoli é fácil propor tirar esses postos de trabalho porque para ele não significa absolutamente nada; lado outro, acena positivamente ao empresariado e eleitores do ramo ideológico que o elevou ao Poder.
Por Rondoniadinamica
Editor-chefe, publicitário, jornalista e especialista em marketing político, com vasta experiência em gestão editorial, desenvolvimento de estratégias de comunicação e campanhas políticas de alto impacto.