Congresso se prepara para analisar incentivos ao setor de eventos diante da ausência de desoneração para municípios

Congresso se prepara para analisar incentivos ao setor de eventos diante da ausência de desoneração para municípios

Inicialmente, a medida provisória propunha, também, o fim da desoneração da folha de pagamentos para empresas e municípios, mas prorrogação feita por Rodrigo Pacheco desidratou o texto e incomodou o Ministério da Fazenda

Depois de o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ter desidratado a Medida Provisória 1202/2023, o Congresso Nacional se prepara para dar início à discussão do texto numa comissão mista, com senadores e deputados, na próxima terça-feira (9).

A decisão de Pacheco de prorrogar a validade da MP sem o trecho que tratava do fim da desoneração da folha de pagamento dos municípios causou um impasse entre o Congresso e o governo, de forma especial o Ministério da Fazenda.

Inicialmente, a MP propunha o fim da desoneração da folha de pagamentos para empresas de 17 setores e a municípios com cerca de 142 mil habitantes, além de propor um fim gradual do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse).

Os efeitos desses trechos da MP 1202/2023 seriam válidos a partir de 1º de abril por conta de uma quarentena do Direito Tributário, data em que Pacheco prorrogou a validade do texto, desconsiderando a desoneração dos municípios.

Porém, Pacheco deixou alguns trechos perderem efeito e, com isso, manteve a desoneração a municípios, enquanto as disposições relativas ao setor de eventos e a compensações fiscais permanecem em vigor.

O governo calcula em R$ 10 bi o impacto da decisão de Pacheco em aceno às prefeituras de cidades com até 156 mil habitantes. A equipe econômica mantinha expectativa de que a alíquota de 20% sobre a folha de pagamento pudesse ser mantida na MP. Anteriormente, o Congresso havia fixado uma alíquota bem menor, de 8%.

Apesar de estudar a possibilidade de acionar o Supremo Tribunal Federal via Advocacia-Geral da União, o governo mantém a prioridade em aprovar um projeto de lei que retoma gradualmente a reoneração dos municípios até 2027. O texto tramita na Câmara dos Deputados e foi apresentado pelo líder do governo na casa, deputado José Guimarães (PT-CE).

Aliados tanto de Pacheco quanto de Haddad afirmam que não há ruído entre os dois e que ambos seguem abertos ao diálogo. Os dois têm se aproximado sobretudo pelo presidente do Senado procurar pelo ministro como um interlocutor de Minas Gerais para falar sobre a dívida do estado.

Para aparar arestas e fechar questão sobre o tema, os ministros da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e da Fazenda, Fernando Haddad, e os líderes do governo no Senado e no Congresso, Jaques Wagner (PT-BA) e Randolfe Rodrigues (Sem partido-AP) devem se reunir com Pacheco na próxima segunda-feira (8), na Residência Oficial do Senado.

Discussão do Perse

Um dos pontos cruciais a serem abordados pela comissão mista após a instalação é a continuidade do Perse, lançado em 2021 para impulsionar a recuperação desse segmento, duramente atingido pela pandemia da Covid-19. Embora os incentivos fiscais estivessem programados para vigorar até o final de 2026, a medida provisória encerrou esse benefício.

Com a MP, as contribuições federais (CSLL, PIS/Pasep e Cofins) voltaram a ser cobradas em 1º de abril, e o Imposto de Renda das empresas (IRPJ) deverá retornar ao seu padrão habitual a partir de janeiro de 2025.

No cenário político, parlamentares tanto da Câmara quanto do Senado têm se mobilizado em defesa da continuidade dos incentivos ao setor de eventos. No entanto, o governo argumenta que é necessário aumentar a arrecadação.

Na semana passada, Guimarães também apresentou um projeto de lei que mantém o programa, embora reduza o número de atividades econômicas beneficiadas de 44 para 12. O texto também prevê a reoneração gradual dos tributos, até a eliminação dos benefícios em 2027 para todos os setores. Esse projeto é visto como uma alternativa do governo à extinção prevista na MP.

Após ser examinada pela comissão, a MP ainda precisará ser votada nos Plenários da Câmara dos Deputados e do Senado para não perder sua vigência. O prazo para análise da medida se encerra em 31 de maio.

Fonte: CNN Brasil