Energia elétrica: investimentos devem ultrapassar os R$ 3 trilhões em 10 anos
O Ministério de Minas Energia (MME) lançou no último dia 24 de janeiro a minuta do Plano Decenal de Expansão de Energia 2031, que indica as perspectivas de expansão de energia nos próximos 10 anos. O documento está disponível para receber aprimoramentos por meio de consulta pública, que estará disponível até o dia 23 de fevereiro deste ano. No documento, a proposta de investimentos em energia elétrica deve chegar a R$ 3,25 trilhões. Somente no setor de gás, a ideia é atrair R$ 117,63 bilhões em investimentos.
A expansão de oferta de gás natural é necessária para atender uma demanda estimada em 133 milhões de metros cúbicos por dia, segundo as previsões do governo. A estimativa é que o setor representará, em 2031, 8,8% do consumo final na matriz energética ante os 7% verificados no início de 2022.
Atualmente, o uso de gás natural, para além de abastecimento de indústrias e termelétricas, também vem conquistando o consumidor final. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), entre 2016 e 2021, houve um acréscimo de 32,7% de unidades consumidoras do produto. No período, passaram a consumir gás canalizado 953.168 unidades consumidoras em casas e edifícios.
De acordo com o engenheiro civil Rafael Pontirolli Natali, que nos últimos anos participou da construção de mais de 50 quilômetros de redes de gás natural, hoje a distribuição e o uso desse recurso em residências, seja casa ou apartamento, está mais segura. “É mais seguro porque somente profissionais autorizados fazem a instalação e manutenção do gás. Sobre o transporte do gás da usina até o consumidor final, a segurança é maior, pois exige certo controle e monitoramento das redes de distribuição, o que nem sempre acontece com o transporte do gás em botijão”, explica.
Além da segurança, o crescimento do consumo do gás encanado, conforme dados da Abegás, também está ligado a uma maior vantagem dos custos de distribuição em relação ao gás armazenado em botijões. Segundo Natali, o valor de investimento para instalação da rede é maior em condomínios de apartamentos, mas o consumo também aumenta, o que justifica o custo. Já para o condomínio de casas individuais, o custo também é igual à proporção de consumo, o que garante a viabilidade do uso do gás encanado. “A rentabilidade é bem próxima para ambos, mas a rentabilidade para condomínios de casas individuais ainda é mais baixa do que para condomínios de apartamentos”, comenta.
Para indústrias que demandam um alto consumo de gás, a opção pelo combustível encanado também é mais vantajosa, especialmente pela característica de distribuição de alta pressão e maior adaptabilidade a equipamentos de última geração. “Atualmente já existem muitos comércios em São Paulo e no ABC paulista que são abastecidos 100% com gás natural, pois apenas o gás encanado pode atender as exigências de algumas máquinas mais modernas para a confecção de produtos e alimentos”, destaca Rafael Natali.
Instalação das redes de gás natural encanado exige cuidados, alerta especialista
Como ocorre com qualquer outro combustível, a instalação de redes de gás natural exige cuidados, alerta o engenheiro civil Rafael Natali. Esses cuidados irão garantir a segurança da distribuição e consumo do produto. Ele explica que, para definir onde a rede será instalada, é preciso fazer um mapeamento completo da região, verificando todos os fatores que podem interferir na segurança da instalação, manutenção e funcionamento adequado do combustível.
“Antes da instalação, os projetos devem prever quantidades suficientes de válvulas para bloqueio da rede de gás em caso de emergência. Não se deve instalar redes de gás próximas a outras redes, como galerias de água, evitando que alguma outra concessionária, durante manutenção, possa danificar a rede de gás. Outro cuidado é que a instalação e soldagem de juntas e conexões sejam realizadas por profissional devidamente certificado. Além disso, todas as redes precisam ser testadas com gás atmosférico em pressões muito superiores às quais a rede irá operar e é preciso garantir que todas as redes sejam limpas, com remoção de qualquer resquício de água, evitando possível obstrução de alguma conexão ou até mesmo a formação de bolhas de ar na tubulação”, finaliza o profissional.
Reprodução: Folha Vitória
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