Manuel Castells e Pacheco abrem seminário sobre democracia e novas tecnologias

Manuel Castells e Pacheco abrem seminário sobre democracia e novas tecnologias

O secretário-geral da Mesa, Gustavo Saboya, o primeiro-secretário, senador Rogério Carvalho, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o professor Manuel Castells na abertura do seminário

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, realizou nesta segunda-feira (25) a abertura do Seminário Internacional Democracia e Novas Tecnologias: desafios da era digital. A iniciativa faz parte das comemorações dos 200 anos da Casa. O sociólogo, professor e pesquisador espanhol Manuel Castells conduziu a aula magna de inauguração do evento.

Segundo Pacheco, as palestras do seminário, que serão realizadas de 25 a 27 de março, têm o objetivo de debater os riscos e as oportunidades do uso da tecnologia para o “presente e futuro da democracia”. Ele afirmou que os desafios do advento da tecnologia na sociedade incluem a relação com a radicalização de posições políticas.

— O otimismo inicial de que as novas tecnologias abririam caminho para a democracia direta, para uma participação popular maior e mais efetiva no processo de deliberação nacional para a constituição de uma verdadeira ágora digital, foi substituído pela preocupação com a radicalização de toda a natureza — avaliou.

Para o presidente do Senado, as divisões se manifestam nas redes sociais, que contribuem para isolar os usuários em “bolhas informacionais” e restringem o diálogo. Como impactos negativos, há a disseminação de desinformação e de discursos de ódio.

De acordo com Manuel Castells, as plataformas digitais ampliam os efeitos da polarização na sociedade, mas não são a causa dela e nem da crise de legitimidade do processo político. Segundo ele, as pessoas buscam na internet espaços para reforçar as suas opiniões e encontram nas redes sociais alternativas para isso.

— Aqueles que estão muito radicalizados politicamente e ideologicamente também utilizam as redes. E, como são os mais fanáticos, são os mais visíveis. Além disso, as pessoas buscam os grupos nas redes sociais que se relacionam, que se identificam, e não olham para os outros — afirmou.

O professor defende que a regulamentação das redes é necessária para combater esse efeito de ampliação e, assim, garantir a estabilidade dos regimes democráticos. Na avaliação dele, a polarização está relacionada com crises vividas pela sociedade, como a “globalização descontrolada” e a desigualdade social extrema.

— Temos alguma esperança com o que vocês [legisladores] possam fazer, por exemplo. É hora de uma nova política, honesta, inteligente, informada e adaptada à sociedade digital. Não podemos reproduzir a velha política. E se falharem, então teremos que reconstruir tudo — alertou Castells.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), primeiro-secretário e presidente da Comissão Curadora dos 200 Anos do Senado, disse no evento que o combate ao mau uso das novas tecnologias não pode impedir avanços em prol da própria democracia.

— Todas as estratégias nefastas que procuram abalar o sistema democrático devem ser combatidas com firmeza. Esse combate, contudo, não pode impedir o emprego benéfico das tecnologias digitais em favor da própria democracia. É esse tênue equilíbrio que devemos buscar como legisladores, pesquisadores ou em qualquer área de atuação — defendeu Rogério.

Bicentenário

A criação do Senado, em 25 de março de 1824, é tema de uma série de eventos realizados neste ano. Nesta segunda-feira, também será realizada uma Sessão Especial, às 15h, com a presença de representantes dos Três Poderes.

A Casa também promoverá o espetáculo musical Senado 200 Anos: uma jornada histórica rumo ao futuro, no auditório master do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, nesta segunda-feira, às 19h30. O concerto será transmitido pela TV Senado, pelo SescTV, pela Rádio Senado e pelos seguintes canais do YouTube: youtube.com/tvsenado, youtube.com/sescsp e youtube.com/sescbrasil.

Fonte: Agência Senado