Presidente da Conafer depõe na CPMI do INSS e diz desconhecer acusações sobre fraudes

Presidente da Conafer depõe na CPMI do INSS e diz desconhecer acusações sobre fraudes

O presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), Carlos Roberto Ferreira Lopes, prestou depoimento nesta segunda-feira (29) à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura fraudes em benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Durante a oitiva, Lopes afirmou desconhecer a maioria das acusações e questionamentos feitos pelo relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL).

A Conafer está entre as entidades investigadas por descontos irregulares em aposentadorias e pensões. Segundo Gaspar, a convocação do presidente se deve ao “crescimento vertiginoso” da arrecadação da entidade, que teria saltado de R$ 6,6 milhões para mais de R$ 40 milhões, coincidindo com a intensificação dos descontos indevidos.

Mortos associados

Um dos momentos mais tensos ocorreu quando o relator questionou Lopes sobre fichas de adesão assinadas por pessoas já falecidas. Segundo Gaspar, em 2023 foram identificados 2.083 casos de “ressuscitados” ligados à Conafer.

“Em 2024, a Conafer foi obrigada pela CGU a mandar 100 fichas para conferência. O senhor enviou a da dona Maria Rodrigues, que já tinha morrido há cinco anos. Esse padrão se repetiu mais de 300 vezes”, disse o deputado. “O Gilberto morreu há 20 anos, mas assinou. É padrão da Conafer ressuscitar mortos para assinatura de descontos associativos?”, questionou.

Lopes ironizou: “É padrão do INSS ter defunto recebendo benefício? Se o morto tiver recebendo benefício, sim”.

Desconhecimento e contradições

Ao longo do depoimento, o presidente da Conafer disse desconhecer movimentações financeiras que somariam quase R$ 2 milhões em apenas dois meses de 2024. Também afirmou não se recordar de entrevista em que teria chamado o deputado Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) de “padrinho” da entidade.

Ele negou ainda saber de compras de aviões por um instituto ligado à Conafer ou de participação de sua esposa em licitação fraudulenta.

Questionado sobre levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU), que estimou a arrecadação de R$ 800 milhões da entidade junto a aposentados, Lopes contestou e disse que os valores reais variariam entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões.

Defesa inicial

Em sua fala inicial, Lopes afirmou ser “avesso a qualquer tipo de corrupção e fraude” e defendeu a atuação da Conafer. Criada em 2004, a entidade estaria presente em 2.950 municípios e teria pago mais de R$ 80 milhões em impostos federais. Segundo ele, apenas 11% da carteira de associados corresponde a aposentados.

O relator, no entanto, rebateu, destacando suspeitas de enriquecimento ilícito e ressaltando que “100% daqueles que foram entrevistados disseram que a Conafer mentiu na autorização”.

📌 Fonte: Agência Câmara de Notícias