Ciclovia da Rio Branco: quando a democracia resolve o jogo

Ciclovia da Rio Branco: quando a democracia resolve o jogo

Armandinho Fontoura é presidente da Comissão de Mobilidade Urbana da Câmara de Vitória

O assunto é municipal, mas o pensador que norteia esse artigo ganhou o mundo: Johann Goethe já diria que a democracia não corre, mas chega segura ao objetivo. Assim aconteceu com a discussão que envolve a ciclovia da avenida Rio Branco.

O enredo, complexo, a maioria esmagadora já conhece: começa com uma discussão que envolve a posição de vagas de estacionamento, a localização da passagem de bicicletas e as árvores que ocupam a via. Diferentes projetos colocaram em compasso duas gestões municipais, atores da sociedade civil organizada – com toda sorte de federações, associações e movimentos.

Ciclistas, defendendo o modal-símbolo da mobilidade urbana da ilha. Comércio, preocupado com as vagas de estacionamento. Moradores, com árvores, fluxo de trânsito e paisagismo. Todos, cada um em sua seara, buscando um denominador comum que, com o passar dos anos, foi difícil de ser encontrado.

Aqui voltamos à Johann Goeth: sem correr, a democracia chegou segura ao objetivo. Com a audiência pública convocada pela Comissão de Mobilidade Urbana da Câmara de Vitória, a maioria escolheu o modelo que veremos ganhar vida: ciclovia no canteiro central, com estacionamento à direita, sem perda de vagas, com possível substituição de quatro árvores.

O que faltava era um encontro calçado no bom ambiente jurídico, com ampla divulgação da imprensa livre, com atores do executivo municipal e participação de uma centena de munícipes. A falta desse nível de discussão – agora feita à exaustão – foi motivo de paralisação da obra, há anos, com ação civil pública que justamente alegava que a ausência de uma audiência pública impossibilitava a licitação da intervenção.

O legislativo da capital segue caminhando de mãos dadas com o executivo, pensando na democracia como o vetor que vai fazer andar a passos largos as grandes discussões da capital. A comissão de Mobilidade Urbana da Câmara de Vitória segue essa premissa. E acredita que arroubos não vencem o diálogo amplo e organizado pela Casa de Leis. Assim, vamos longe. Ou até onde os modernos modais nos levarem.