Comissão de Mobilidade Urbana da CMV discute sobre a retirada dos cobradores de ônibus
As dificuldades dos motoristas de ônibus com a ausência dos cobradores e a precariedade do atendimento aos cadeirantes foram assuntos debatidos em reunião da Comissão de Mobilidade Urbana da Câmara de Vitória nesta terça-feira (10/08). Estiveram presentes diversos representantes dos motoristas e cobradores.
O vereador André Brandino (PSC) destacou que os ônibus estão circulando sem cobradores. “Postos de trabalho foram ceifados nesse novo formato. É nítido isso”, declarou.
O motorista de coletivo Jânio Antunes de Oliveira relatou as dificuldades que enfrenta sem a presença dos cobradores. “Nós, motoristas, estamos trabalhando nessa situação, de abandonar o freio do veículo, num ônibus de mais de 14 toneladas, lotado de vidas, termos que largar a área de segurança de um veículo para ir lá fora buscar um cadeirante, trabalho que os cobradores faziam”, denunciou.
“Está acontecendo muito acidente por que o motorista larga a área de segurança para isso. Os motoristas estão infartando, e isso está piorando por causa das demissões. Estão mandando embora até por whatsapp. Vimos o Secretário do Estado dizendo que nenhum cobrador iria ser mandado embora e só na empresa que trabalho, mais de cem foram demitidos”, continuou Jânio Oliveira.
“Eles colocaram o espelhos para enxergarmos as portas e não conseguimos ver porque as pessoas estão em pé, tem braços impedindo a visão e antes era o cobrador que via isso. Os cobradores têm grande importância para nós. É lamentável!”, queixou-se o motorista.
Rodrigo Roque Jerônimo, cobrador, foi demitido quando tinha oito anos de trabalho. Ele fez cursos por conta própria para se qualificar. “O acordo que tínhamos no ano passado de que nós teríamos estabilidade no trabalho e que teríamos curso não foi cumprido”, declarou. “Tem que cumprir o que foi acordado e (os cobradores) assumirem seus postos de trabalho ou colocá-los em outras funções na empresa”.
O vereador André Brandino afirma que sempre se posicionou contra a demissão dos cobradores pois sabia que ia gerar o desemprego. “Além disso, os cadeirantes também estão sofrendo porque não têm a atenção que os cobradores davam. A pessoa dirigir, parar na posição correta perto do meio-fio e ir lá, dar a ajuda necessária naquele transito . . é muito serviço para uma pessoa só”, declarou.
O vereador Duda Brasil concorda. “É muito importante a presença do cobrador no veículo; ele deixa o motorista mais tranquilo. Uma coisa é o motorista cuidar do trânsito, outra coisa é cuidar do trânsito, do dinheiro e dos passageiros”.
O cobrador Rodrigo Roque lembrou que pode acontecer de o motorista descer rápido para posicionar um cadeirante e escorregar e machucar o pé. “Muitas vezes o cadeirante desceu e precisa ser levado um pouco para além do ponto. O cobrador ajuda o motorista nisso tudo, dá informação ao passageiro, ajuda a ver a porta traseira. Além disso, o governo do Estado obrigou a pessoa ter cartão. E as pessoas que vêm de fora e não têm cartão?”
“O cartão tem que ser uma das opções e não o critério principal. O passageiro tem que ter autonomia”, destacou o vereador Duda, concordando com Rodrigo. “É importante que haja uma sensibilidade das pessoas que estão à frente do Estado para que a gente tenha um atendimento de qualidade aos passageiros de coletivo”.
Ele se prontificou a fazer um ofício pela Comissão e encaminhar para os órgãos competentes e tentar buscar um caminho para que todos sejam contemplados.
O vereador Armandinho Fontoura propôs também enviar um requerimento para o Secretário do Estado Fábio Damasceno para explicação de quando os cobradores vão voltar a seus postos de trabalho ou se serão remanejados e também sobre o que acontecerá com os que perderam os postos de trabalho.
Estiveram presentes os vereadores: André Brandino (PSC), Duda Brasil (PSL) e Armandinho Fontoura (Podemos).
Reprodução CMV
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