Disputa na CPMI do 8 de Janeiro: Revelações de ex-diretor da Abin levantam suspeitas sobre omissões
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro vive momentos de tensão após a confissão do ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha. Ele admitiu ter adulterado relatório de inteligência a pedido do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Gonçalves Dias. Agora, o foco da disputa entre governo e oposição está na possibilidade de haver outras autoridades federais omissas no episódio.
Segundo integrantes da oposição na CPMI, o roteiro imaginado pela maioria governista precisou ser ajustado diante das revelações provocadas por requerimentos dos parlamentares oposicionistas aprovados em plenário mediante acordo.
De acordo com informações, Gonçalves Dias não teria tomado nenhuma medida diante dos alertas sobre atos de vandalismo no Palácio do Planalto, mesmo após receber um telefonema de Cunha horas antes dos ataques. A oposição enxerga uma hierarquia de omissões e busca identificar outros possíveis envolvidos na violência, incluindo o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nesta ordem.
O governo enfrenta pressões, especialmente quando Dino se recusa a enviar imagens do Palácio da Justiça, sede de seu ministério, no dia dos atos. Enquanto isso, seus representantes na CPMI já reconhecem a omissão de Gonçalves Dias como estratégia para evitar que mais autoridades sejam implicadas.
Esperidião Amin, senador (PP-SC), destaca a importância de investigar as omissões e reforça que, legalmente, elas são tão criminosas quanto as ações.
O depoimento de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) e ex-secretário do Distrito Federal, marcado para a próxima terça-feira (8), torna-se estratégico para oposição e governo. Torres, que ainda está sendo investigado nos inquéritos sobre os atos de vandalismo, pode optar por permanecer em silêncio, mas especulações indicam que ele responderá às perguntas. Durante 117 dias, ele ficou preso sob suspeita de negligência nos atos contra as sedes dos Três Poderes. O depoimento promete ser longo e tenso.
Fonte: OpniãodoES
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