Retorno às aulas sem vacinação é preocupante
É necessário trazer a vacinação dos trabalhadores da Educação na fase inicial da campanha
“É muito preocupante essa estratégia de reabertura de escolas em fevereiro, sem vacinação. A Educação precisa ser prioridade. Temos que trazer a vacinação dos trabalhadores da Educação nas fases iniciais da campanha de imunização, pra garantir mais segurança ao retorno das aulas presenciais”.
O posicionamento é da enfermeira, doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel, ao comentar a intenção do governo do Estado de mobilizar os municípios para retornar com as aulas presenciais em fevereiro em toda a rede pública capixaba.
O anúncio da mobilização foi feito pelo governador Renato Casagrande (PSB) na tarde desta terça-feira (5), após reunir-se com prefeitos e gestores da Educação de dezesseis municípios, da Grande Vitória e litoral, além de secretários de Estado e técnicos do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
“Por isso o Reino Unido está nesse momento fazendo um lockdown muito severo, porque eles tiveram um aumento expressivo do número de casos e a gente está vendo isso acontecer aqui no Espírito Santo também, um aumento importante desde outubro, principalmente em novembro e dezembro”, conta. “Nossa previsão matemática é que em janeiro a gente tenha mais mil mortes. Muito triste. Fevereiro também tem previsão de muitas mortes”, complementa.
A variante, explica, tornou o vírus mais contagioso também entre as crianças. “Antes dessa mutação, havia menos casos em crianças, menos casos graves e menos mortes”, acentua. No Espírito Santo, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) já verifica um aumento significativo no número de internações de crianças com síndromes respiratórias.
“A gente ainda não tem certeza, mas é possível que essa cepa já esteja circulando há mais tempo no Brasil, os feriados de Natal e Ano Novo fizeram circular mais, o que causa grande preocupação, principalmente por essa estratégia de reabertura das escolas”, adverte.
“Causa muita preocupação por tudo aquilo que a gente ouviu dos educadores, de que não aconteceram melhoras significativas nos ambientes escolares. Esses protocolos de biossegurança se mostraram bem falhos. Você não tem como controlar a criança em todos os espaços, é muito difícil que a gente consiga isso”, descreve.
O protocolo de biossegurança, ressalta, não se limita à disponibilidade de álcool em gel. “A gente precisa de ter fluxo de ar, principalmente no momento da alimentação, quando as crianças precisam de um distanciamento maior. Os cuidados de distanciamento são os mesmos, preferencialmente dois metros, com fluxo de ar “, sublinha.
A aparente baixa contaminação de estudantes e trabalhadores das escolas, defendida pelo governo do Estado, não é uma alegação consistente. “Os dados que nós temos agora sobre o que aconteceu no final de ano, no retorno presencial, são com base em pouquíssimos estudantes que retornaram. Não tem como fazer uma avaliação mais precisa de um retorno pelo menos com metade das salas de aula”, explana.
Para a epidemiologista, o que acontece na Europa deve ser acompanhado de perto para auxiliar na tomada de decisões. “Vamos acompanhar o que vai acontecer na Europa, porque eles também tinham previsão de retorno das aulas presenciais e estão enfrentando essa segunda onda e as escolas fecharam, então seria também muito ruim que a gente ficasse abrindo e fechando”, orienta.
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